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Mostrando postagens de dezembro, 2015
Dialogando com o teto, sentindo o chão fugir. Dormente e irrequieto, sem ter pra onde ir, com as costas na parede e um vazio a me entupir. Vertigem instantânea blackout em queda livre. Que me acorde sua boca e me sugue de mim mesmo Que me morda sua boca e arranque esse desejo insaciável interminável
Chega mais perto, me dá teu corpo. Eu fecho os olhos pra ler o braile destes teus cortes. São cicatrizes, são diretrizes guiando o toque. Segredos ásperos, relevos frios... Porém, tão logo, na pele quente, decifro: "urgente". Eu, calafrio.
Somos atores num espetáculo sobre Hamlet. Não conheço o rosto de nenhum dos meus companheiros de cena, mas nosso figurino passeia pelos tons de terra, verde musgo e branco. O chão é forrado por um lençol claro amarrotado. O ponto alto, antes da conclusão da peça, é uma cena de uma grande batalha de espadas da qual todos  participamos. Nessa noite, o ator principal, como de costume, distribui as espadas. A luta começa. No primeiro golpe, porém, sangue. Sangue real, espadas reais. Ninguém parou a cena. Houve uma espécie de aceitação imediata da escolha que o ator principal nos fizera. Sabíamos que isso vinha dele e de uma certa forma, havia uma subserviência velada, aceitávamos sua superioridade quase espiritual sobre nós. Não pararíamos. Não improvisaríamos, abraçaríamos o jogo. Daríamos nosso sangue, anestesiados pelo transe emocional da cena, pela honra ao ofício e por aqueles que estavam ali para nos assistir. Antebraços sangravam. O figurino e o lençol claro do chão, assim co