Tenho sempre uma lista gigantesca de coisas para fazer quando eu tiver tempo. Parte da minha ansiedade consiste em esperar esta oportunidade chegar. Hoje, porém, o tão esperado tempo vago colocou-se diante de mim, sorriu, e eu fiquei tal qual uma idiota paralisada, contemplando-o. Como que com medo de tocá-lo. Iria estragá-lo. Não seria mais vago, não seria mais livre. Estaria usando-o para me prender a afazeres que pareceram, de repente, tão menos importantes que a admiração daquele vão de tempo em que me encontrava. Mas logo me entristeci. Porque ele começou a se mexer, eu me assustei, de repente me vi correndo atrás daquele vão que já não existia mais. Que frustração não poder entrar no tempo, como num vagão, enquanto tudo do lado de fora corre e dentro nada se mexe, se eu não quiser em nada mexer. Ficar na janela, observando a sucessão de segundos, de minutos, de horas, do tempo que eu precisar dentro do meu vagão do não-tempo...mas ele corria e me deixava para trás. E eu não quer