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Mostrando postagens de junho, 2014
Foto de Dayane Marques Meus olhos grandes... me despindo da alma à carne, desconstruindo meus sentidos para que eu aprenda com novos nortes a traduzir o braile desses fundos cortes.
Eu vivo assim: sob o peso do juízo do mundo, olhar dormente... Perdendo a vida em lances de dados, eu, dado a vícios, pressinto o fim. Ninguém nem sente, eu longe assim... Queda dos sentidos, Caí... Da altura das palavras que ousava definir. Calem-se todos: abismo em mim! Última dose... Estrelas caem, cores se esvaem, um ano a menos, um gole a mais... Empalideço em cinzas. Eu morro assim.
Foi ótima a carona, obrigada, até mais. Sim, o que foi, que vai fazer? Já fez... beijou... Então espera que eu vou beijar de volta... antes que o juízo volte, antes que o impulso falte, antes que seja tarde. Surpresa, sim. Surpreso, sei. E amanhã talvez eu não terei estado hoje em mim. Mas serei grata pela carona ainda assim.

Íris

 Magnetizado pela íris, confusão de cianos e cinzas. Variações em torno de azuis aquarelados, umedecidos. Eu, pálido exterior, gélido, ausente em meu corpo, quase morto, incolor. Sua mão de leve em meu braço faz despertar... Te enquadro no olhar, te analiso e desejo... Quente, presente em laranja, magenta e o vermelho... sangue! Fervendo nas veias. Cheiros, sabores, sentidos pulsantes. Eu, ofegante, ardente, crescente e de repente... Teus olhos desviam e se perdem em outros nem frios, nem quentes. Castanhos? Não lembro... Talvez faíscas de verde... Tons seguros, estáveis, que já te pertencem. Eu, quem sou eu? Mais um tom que compõe o ambiente de presença e ausência indiferentes. Recolho-me e murcho, aos poucos perdendo a cor como um livro entre outros, que se pega, cataloga, arquiva e se esquece na estante.

Fendas e Fugas

Quando envolta em um ambiente, a perspectiva perdia a lógica. Estranho esse universo que descobrira e tinha hora pra começar. De 8h às 18h, os ângulos eram retos e o mundo era plano. Saía então do trabalho, pegava o ônibus e na metade do caminho,  o asfalto das ruas dava sinais de vida. Ligeiros tremores que não eram sentidos pelos comuns passageiros. Era uma sensação exclusiva e indicava a passagem entre mundos. Uma montanha russa a empurrava até sua casa. A partir das 19h de cada dia, sua porta a surpreendia com novas arquiteturas, móveis estranhos de estilos mutantes. Talvez um dia iria se acostumar a chegar cada noite num novo quarto, onde jogaria suas sapatilhas surradas em qualquer canto, deitaria numa nova cama e se sentiria em casa. Enquanto em período de transição, seus pontos de apoio eram os pontos de fuga. Chegou. Seu lar de hoje, um cenário seco. Sem cama, sem sofá, sem as muitas almofadas que cobririam o chão de sua sala se sua vida acontecesse dentro do tempo.